Profecia progressiva: Miqueias fez um alerta à nação brasileira?
- 31/03/2025

“Ai daqueles que planejam maldade, dos que tramam o mal em suas camas! Quando alvorece, eles o executam, porque isso eles podem fazer. Cobiçam terrenos e se apoderam deles; cobiçam casas e as tomam. Fazem violência ao homem e à sua família, a ele e aos seus herdeiros”. (Miqueias 2.1-2)
As profecias de Miqueias, cerca de setecentos anos antes de Cristo, atravessaram os séculos para denunciar a realidade vivida pelo povo brasileiro, destacou o pastor Hernandes Dias Lopes, num de seus artigos.
Segundo ele, o “crime organizado” — termo bem conhecido em nossos dias — já estava bem formatado naquela época. O profeta estava apontando para um sistema aparelhado para o mal e desmascarando os políticos que não estavam cuidando do povo, e sim de seus próprios interesses. Além disso, ele alertou sobre a mensagem sedutora dos falsos profetas. Veja:
“Assim diz o Senhor aos profetas que fazem o meu povo desviar-se; quando lhes dão o que mastigar, proclamam paz, mas proclamam guerra santa contra quem não lhes enche a boca: Por tudo isso a noite virá sobre vocês, noite sem visões; haverá trevas, sem adivinhações. O sol se porá para os profetas, e o dia se escurecerá para eles”. (Miqueias 3.5-6)
No sistema corrompido, até mesmo os religiosos estavam se aproveitando do povo, agindo com chantagem e desonestidade.
“Seus líderes julgam a troco de suborno, seus sacerdotes ensinam por lucro, e seus profetas adivinham em troca de prata. E ainda se apoiam no Senhor, dizendo: O Senhor está no meio de nós. Nenhuma desgraça vai nos acontecer. Por isso, por causa de vocês, Sião será arada como um campo, Jerusalém se tornará um monte de entulho, e a colina do templo, um matagal”. (Miqueias 3.11-12)
Não havia mais justiça nem mesmo entre os juízes e os sacerdotes. Todos pensavam em se beneficiar às custas do povo. O cenário estava repleto de esquemas de corrupção e a nação estava sofrendo com isso.
Se fôssemos comparar com os dias de hoje, poderíamos dizer que todos estavam seguindo na direção errada, desde o governo até a igreja e as famílias.
“Com as mãos prontas para fazer o mal, o governante exige presentes, o juiz aceita suborno, os poderosos impõem o que querem; todos tramam em conjunto. O melhor deles é como espinheiro, e o mais correto é pior que uma cerca de espinhos. Chegou o dia anunciado pelas suas sentinelas, o dia do castigo de Deus. Agora reinará a confusão entre eles. Não confiem nos vizinhos; nem acreditem nos amigos. Até com aquela que o abraça tenha cada um cuidado com o que diz. Pois o filho despreza o pai, a filha se rebela contra a mãe, a nora, contra a sogra; os inimigos do homem são os seus próprios familiares”. (Miqueias 7.3-6)
Decadência moral e social
Perceba que Deus chamou um homem do campo que estava afastado das questões políticas e religiosas de sua nação para apontar os pecados que estavam sendo cometidos. E Miqueias representa cada um de nós.
Com uma linguagem jurídica, ele transmitiu o seguinte recado: “Que o Senhor Soberano, do seu santo templo, testemunhe contra vocês”. (Miqueias 1.2)
“Ouçam o que diz o Senhor: Fique de pé, abra processo perante os montes; que as colinas ouçam o que você tem a dizer”. (Miqueias 6.1)
Apesar da prosperidade econômica do Reino Norte, o povo vivia em decadência moral e social e foi chamado ao arrependimento. Deus fez Miqueias compreender as mudanças que aconteceriam no cenário nacional e internacional.
Entre os pecados, se destacaram a corrupção social, através da exploração dos pobres, ou seja, pequenos fazendeiros eram forçados a abandonar suas terras. Havia ganância. O termo “tesouro da impiedade” significa enriquecer de forma desonesta e ilegal, ou seja, “ganhar enganando”. Os comerciantes roubavam em suas balanças.
A violência contra os pobres era a sonegação. Sonegar é um tipo de violência porque priva o direito do cidadão. Os recursos públicos não estavam indo para o povo. Da mesma forma, isso ocorre nos dias de hoje. Um exemplo é ver pessoas morrendo nas filas de hospitais públicos por falta de recursos. Havia também o sincretismo religioso — mistura de crenças e adoração a Baal. Resumindo, os sistemas político e religioso estavam contaminados.
Onde está a reserva moral?
Desde o tempo de Miqueias, vemos que a sociedade sofre por falta de reserva moral. O que isso quer dizer? Quando as coisas não vão bem, é preciso buscar ajuda em algum lugar. Se não há mais moral no governo, é necessário buscar na Igreja ou na família.
E como está a situação da Igreja, no geral, em nossos dias? E da família? Ambas têm sido atacadas terrivelmente! O que vemos é que as pessoas estão tolerando e até promovendo o erro. Vivemos o tempo em que muitos chamam o mal de bem e o amargo de doce. Veja o que disse o profeta Isaías:
“Ai dos que chamam ao mal, bem e ao bem, mal, que fazem das trevas luz e da luz, trevas, do amargo, doce e do doce, amargo. Ai dos que são sábios aos seus próprios olhos e inteligentes em sua própria opinião. Ai dos que são campeões em beber vinho e mestres em misturar bebidas, dos que por suborno absolvem o culpado, mas negam justiça ao inocente”. (Isaías 5.20-23)
Que a Igreja do nosso século acorde para essa realidade antes que seja tarde demais. A Igreja deve ser contracultura e a nossa esperança está nas igrejas que ainda conservam a palavra de Deus de forma pura. A esperança está nas famílias que ainda obedecem à voz de Deus.
Sentença de Deus e esperança dos povos
A sentença divina para os desobedientes é destruição, ruína, insatisfação crônica e investimento frustrado. Veja:
“Por isso, eu mesmo os farei sofrer e os arruinarei por causa dos seus pecados. Vocês comerão, mas não ficarão satisfeitos; continuarão de estômago vazio. Vocês ajuntarão, mas nada preservarão, porquanto o que guardarem, à espada entregarei. Vocês plantarão, mas não colherão; espremerão azeitonas, mas não se ungirão com o azeite; espremerão uvas, mas não beberão o vinho”. (Miqueias 6.13-15)
Pessoas que transgridem a lei de Deus nunca se sentirão satisfeitas. É por esse motivo que vemos pessoas gananciosas querendo sempre mais. Nunca será o bastante, nunca haverá saciedade.
E qual a esperança? Quando cremos que Deus permanece no controle, sabemos que os injustos serão julgados. Temos que perseverar em viver de forma justa, honesta e conforme os princípios de Deus.
Além disso, é nosso dever denunciar as injustiças. Deus se preocupa com seus filhos e, por amor, Ele fará justiça. Deus sempre conta com um remanescente, Ele espera pelo arrependimento dos fiéis.
“Lembra-te” de tudo o que Deus já fez. Ele espera gratidão e sinceridade de coração. Cultos cheios e sacrifícios exuberantes não despertam o amor do Pai. Ele quer justiça, obediência, amor e humildade. Não é sobre religiosidade, mas relacionamento. A esperança está em Jesus!
E essa foi a reflexão de hoje. Espero ter tirado sua dúvida e também colaborado para seu crescimento espiritual. Beijo no coração e até a próxima, se Deus quiser!
Por Cris Beloni, jornalista cristã, pesquisadora e escritora. Lidera o movimento Bíblia Investigada e ajuda as pessoas no entendimento bíblico, na organização de ideias e na ativação de seus dons. Trabalha com missões transculturais, Igreja Perseguida, teorias científicas, escatologia e análise de textos bíblicos.
*O conteúdo do texto acima é de colaboração voluntária, seu teor é de total responsabilidade do autor e não reflete necessariamente a opinião do Portal Guiame.
Leia o artigo anterior: O que fazer quando os planos de Deus são diferentes dos seus?